quarta-feira, 4 de março de 2015

Endereço novo

Mudamos de endereço, gente. Agora nossa página oficial fica nesse link aqui: http://prafalardefilho.com.br/

Esperamos sua visita por lá!
Beijos, Cauana e Evelin.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Da maternidade ideal à vida real: vamos amamentar?

Você está lá, grávida. Pode ter descoberto há pouco tempo, pode já estar com aquela pesada barriga de seis meses, ou ainda pode estar contando os dias no calendário “40 semanas, 40 semanas e dois dias...”, apenas aguardando a boa vontade de seu rebento.
Durante esses quase dez meses de gestação, muita coisa passou pela sua cabeça: garanto que foi assim com você. Você floreia a vida, o mundo. Imagina como será sua pequena cria, como será a risada, a voz, o cabelo, os olhos, como serão os primeiros anos de vida... Imagina tudo.
Essa vontade de saber o futuro, essa ansiedade, é completamente normal, aposto que toda mulher grávida já passou por isso. Isso é mais normal ainda quando se é uma mãe de primeira viagem. Entre sonhos e devaneios, tudo na sua cabeça é perfeito: a gestação, o parto, a amamentação, o pós-parto... Os dias e as noites.
Mas posso te contar uma coisa? Sem querer desanimar alguém, realidade e imaginação são coisas bastante distintas. Quer saber um assunto que, pelo menos pra mim, não foi nada como eu imaginei – pelo menos não no começo? AMAMENTAÇÃO. Pois é.
Quando eu estava grávida tinha uma ideia sobre amamentar. Pra mim era tudo tão lindo e maravilhoso, qual era o problema? Era colocar o bebê no peito e pronto. Assim como eu via na tevê ou ao meu redor.
Minha antena "ligou" quando a equipe que contratei para acompanhar meu parto domiciliar – sim, meu bebê nasceu em casa, mas isso é assunto para outro post -  me disse que eu assistiria a uma aula sobre amamentação. Oi? Aula? Aula pra quê?
Ali meus olhos abriram. Mas não muito. Foquei tanto no parto que esqueci disso. Pra mim, amamentar seria "bico" (com perdão do trocadilho). A ficha começou a cair quando na primeira noite minha bebê chorou. A noite toda. Até cansar. E você não pode esquecer que ela nasceu em casa, então não tinha médico, nem enfermeira, nem mãe. Era eu, o pai e ela. Só.
Cada vez que ela tentava pegar o peito, a boca escorregava. Tentava de novo e nada. Eu e marido tentamos tirar o colostro "na raça" e dar na colherinha pra ela. Não sei se deu certo ou se ela só cansou e pronto. Calou e dormiu.
No dia seguinte, minha obstetriz e minha doula vieram em casa, viram como estava a "pega" e falaram pra eu ter paciência – descobri, na marra, que a paciência é a grande chave para quem se torna pai ou mãe.
No terceiro dia, meu leite "desceu". Fiquei feliz principalmente porque não tive "reação": não empedrou, não tive febre, nada nada. Bom, agora vai rolar! Que nada...
A enfermeira veio em casa e viu que eu fazia tudo certo, mas a falta de bico fazia com que eu tivesse que ter paciência extra. Cedi ao bico de silicone! Com ele, minha pequena começou a mamar... Que maravilha! Porém... Que dor era aquela, meu Deus? Cada vez que ela mamava, era uma dor insuportável. A vontade era de gritar, as lágrimas corriam compulsivamente. A sensação era de que aquilo NUNCA iria passar. Nunca. Cadê o prazer? Cadê o mundo de margarina em que toda mulher parece estar quando amamenta?
Eu me sentia um lixo de mãe! Um lixo! Não conseguia amamentar, não conseguia pensar em prazer, aquilo parecia um fardo! Cheguei a ignorar alguns apelos de minha filha – me sinto um monstro relembrando isso, mas é verdade -, me convencendo de que ela não queria mamar, deveria ser outra coisa, não fome. Sei que quando nasce uma mãe, nasce com ela a sacolinha da culpa, mas não achava que a minha apareceria tão cedo!
Nas minhas andanças pelo mundo da Internet, comecei a me conectar ao mundo da amamentação. Numa das pesquisas, descobri que o bico de silicone pode causar desmame precoce. Essa não! Tanto esforço pra rolar desmame? Comecei a tentar tirar o bico artificial. Era muito difícil! Dava uma mamada com, outra sem, uma com, duas sem, até que consegui deixar o bico de lado. Mas a dor, ah, a dor, essa não me abandonava!
Além disso, descobri também a hiperlactação. Que ironia do destino, meu peito jorrava de leite – a pequena engasgava em TODA mamada - e pra mim parecia tudo inútil. Pra que tanto leite? Que desperdício!
Um dia resolvi desabafar com uma amiga e vi que eu não era um ser de outro mundo. Muita gente passa por isso. Então eu passei a postar minhas dificuldades no Facebook e recebia muitas palavras de incentivo e depoimentos. Foi quando comecei a ver que pra muita gente o mundo de margarina não existe.
Eu tive informação, orientação, persistência, e mesmo assim levei quase 70 dias para me libertar da dor. Sim, depois de 70 dias eu consegui amamentar um dia inteiro sem sentir dor. Amor e dor deixaram de ser companheiros.
Meu bico não rachou, não sangrou, meu leite não empedrou, não tive alergia, nada disso. E, ainda assim, foram dias difíceis, em que a vontade de desistir volta e meia dava as caras.
Esta semana, minha pequena cria completou dez meses. Dez meses de amor puro e sincero, de dedicação quase exclusiva, dez meses de amamentação. Hoje esse capítulo tornou-se muito mais fácil, o prazer chegou, a dor passou e me sinto bem em poder amamentar.
A conclusão dessa história não é tão cor-de-rosa. Sabemos que os benefícios da amamentação são vistos a curto, a médio e a longo prazo. Amamentar é alimento, mas também é aconchego, é carinho, é pele a pele. Amamentar é se conectar. Reafirmo que sim, o aleitamento materno é extremamente importante, e que é fundamental se entregar, insistir, tentar não desistir diante dos percalços... porém confesso que o fardo é pesado!
São dias e dias de tentativa e erro, de vontade de jogar tudo pro alto. Há mulheres que conseguem – algumas até de maneira fácil e natural - e outras não. Então umas são melhores mães que as outras por isso? Definitivamente não! Assim como via de parto não é "mãezímetro", não consigo ver a amamentação como meio de se avaliar a maternagem de alguém.
Sei de gente que vai até o seu limite - físico e mental - e não consegue. Não julgo. Mesmo. Só Deus sabe o que passou pela minha cabeça nesse tempo. Pode até ser que antes de amamentar eu possa ter tido algum pensamento preconceituoso, mas após a experiência não tenho nem como pensar isso. Creio do fundo do coração que a grande maioria das mulheres gostaria de poder amamentar em livre demanda, mas se não é possível, que façam o que for melhor sem carregar a culpa consigo.
Mães – tentantes, gestantes, recém-paridas ou não -, não idealizem nada! Enfrentem as dificuldades sem medo e vergonha! A maternidade é um desafio diário, muito mais do que pintam pra você. Mas é sensacional ver que conseguimos superar os desafios a nosso modo, cada um com seus valores e ideais.

Para concluir, ficam algumas dicas ou lembretes ou reflexões, o que vocês quiserem:
- A Organização Mundial de Saúde recomenda que toda mulher amamente exclusivamente até seis meses e continue amamentando até dois anos ou mais, deixando ocorrer o desmame natural. Entretanto, a licença gestante no Brasil é de apenas quatro meses. Que coisa, não?
- É comprovado que o leite materno não fica fraco depois de um tempo e que a amamentação prolongada traz benefícios;
- Existem serviços especializados para ajudar a mulher que quer amamentar: há os bancos de leite que, geralmente, ficam nos hospitais públicos (na Baixada Santista há um dentro do Hospital Guilherme Álvaro) e há as consultoras de amamentação, que vão em casa ajudar as mulheres com dificuldade (na Baixada há o “Anjos de Leite”). Penso que vale a pena entrar em contato com algum desses serviços para ajudar;
- Você, querido leitor, que tem em casa, na família, na rede de amigos, uma mulher que amamenta – principalmente na fase inicial: AJUDE-A! Toda mulher precisa de uma rede de apoio a seu lado para que possa amamentar livremente! Não a recrimine, não dê palpites desnecessários, não use de achismos; apenas ajude-a. Ela precisa estar bem, feliz, saudável para fazer a tarefa com louvor. Ofereça suporte físico e mental, ofereça um ombro amigo, um suco com bolachas, não a desampare. Uma rede de apoio confiável fará toda a diferença na vida dessa mulher e desse bebê, tenha certeza disso.

domingo, 25 de janeiro de 2015

O dia depois de amanhã


Dia desses, zapeando alguns canais na televisão, me deparei com a chamada do filme “O dia depois de amanhã”, aquele em que uma cacetada de gente luta pra sobreviver a inúmeras catástrofes naturais que acontecem quase que ao mesmo tempo (furação, tsunami, tornado, vulcão, nevasca, calor santista, tudo junto...). Vendo aquela chamada com várias pessoas correndo e gritando de desespero, lembrei dos três primeiros meses de vida do Pedro. 
Não que hoje minha vida de mãe seja fácil, anda bem longe disso, na verdade, mas os meses iniciais dessa aventura-drama-ação-mundo pós apocalíptico foram impossíveis! I-m-p-o-s-s-í-v-e-i-s!!!
Pedro nasceu por uma cesárea, e apesar da operação ter corrido conforme o esperado, o pós operatório foi um tanto complicado. Nos primeiros dias, ainda no hospital, tive muita dificuldade de locomoção por causa das dores no corpo. Fui medicada de acordo com o protocolo do esquema todo, mas os remédios não foram suficientes pra fazer a dor desaparecer. Evitei andar curvada,e ainda assim os pontos eram um incômodo sem fim. Além deles, sofri de quase morrer com os benditos (ou seriam malditos?) gases. Uma enfermeira gente fina avisou “Mããããe, evita falar muito por causa dos gases. Se você tiver problemas com eles, vai sentir muita dor”, mas quem acaba de parir e consegue ficar muda??? Pois é, eu não consegui. Senti tanta, mas tanta dor que valeu pelo parto normal que eu pulei fora de tentar.
Já em casa, o incômodo e desconforto do corpo pós-operado me acompanharam por 15 dias, tempo exato em que fiquei com os pontos. Nessa época, contei bastante com a ajuda das avós e do pai do Pedro, eram eles que pegavam e davam banho no menino pra mim. Os primeiros dias por aqui foram recheados de cuidados coletivos, tive a presença constante da minha família pra me auxiliar com tudo, e dizer “não, obrigada” foi bem difícil. Como antes do pequeno vivíamos apenas eu e marido, ter a casa cheia de gente era bom e ruim. Eu ficava sem jeito de ir dormir, me irritava com o barulho e a bagunça. Eu gostava e desgostava da ajuda, o cansaço da adaptação me fazia ter bem menos paciência do que o normal, e por muitas vezes tive uma vontade imensa de mandar todo mundo pra sua respectiva casa (mas não mandei, valeu gente pela paciência, Love you all!).
Além da complexidade na adaptação à nova vida de cansaço e medo, outro lance penoso por aqui foi a amamentação. Eu não tinha bico, então usava o bico de silicone para me ajudar. Eu sentia muita, mas muita dor para amamentar! Ele mamava e eu chorava. Além da dor, eu tinha uma dificuldade enorme em entender quando o leite era suficiente, então deixava ou demais, ou de menos no peito. Cheguei a contratar uma profissional para me auxiliar nessa questão, mas eu não conseguia fazer a tal da pega, e isso me frustrava muito. Minha novela pra amamentar foi tão dramática que juro fazer outro post só pra ela...rs.
Amamentei o Pedro por pouco tempo, e por uma eternidade carreguei uma culpa absurda pela minha escolha. Achava que se meu filho ficasse doente a responsabilidade seria minha, então evitava ao máximo sair com ele ou receber visitas. A falta de vida social era terrível. Ficávamos o dia todo juntos em casa, quando ele dormia, eu fazia alguma coisa, quando eu resolvia dormir junto, ele acordava. Misturado a isso tudo, a fase de cólicas dele foi interminável. Acho que meu filho sentia cólica por ele e por mais umas cinco crianças, porque a coisa era teeeensa! Manter a sanidade nas noites em claro regadas a muito choro foi difícil, praticamente aquelas provas do “No limite” que você tem certeza que ninguém vai sobreviver. Tentamos de tudo: banho de balde, Luftal, deitar de bruços, ninar e fazer “ssshhhh” no ouvido, reza brava, colocar no carrinho e passear pela casa, jogar pro alto e chorar junto.  O que acabou dando certo por aqui foi uma santa bolsinha térmica que ele ganhou de presente e sou muito grata. Amo tanto aquela bolsinha que tenho vontade de enquadrar. Ainda assim, foram muitas, mas muitas noites desesperadoras, para nós e para ele. Meses depois descobrimos que ele tinha intolerância a lactose, e introduzir a alimentação correta mudou bastante as coisas.
Os primeiros meses de vida do meu filho foram complicados, por tudo. Era tudo novo, pra ele e pra gente. Era tudo muito assustador, pra ele e pra gente também. Eu sempre fui muito cagona com as coisas, e essa característica peculiar atravancava o que já era naturalmente punk. Eu tinha medo de tudo: dele engasgar, de dar muito ou pouco leite, de colocar ele para dormir de barriga pra cima e de colocar para dormir de lado. Tinha medo quando ele ficava quieto demais ou quando chorava muito. Foram inúmeras as noites em que acordei na madrugada pra me certificar que ele estava respirando.


Nas muitas visitas à pediatra eu sempre escutava das mães de crianças mais velhas se as coisas andavam difíceis. Andavam, e muito! Ao final de cada relato meu embebido em drama, lágrimas e enormes olheiras, minhas companheiras de novela respondiam “calma que passa!”.  Verdade, passa. A cólica acaba, a amamentação entra nos eixos, as noites se tornam mais longas e com o tempo, aprendemos a identificar as necessidades e anseios das nossas crias.  Os medos mudam, o cansaço permanece e cada novidade é um desafio. É bonito de saber isso tudo, mas são coisas gente só descobre com o tempo. Pensando naquela gente do filme, correndo e gritando, luta pela sobrevivência mesmo é saber se, no dia depois de amanhã, vai ter acesso de cólica, peito rachado ou noite sem dormir. 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Pequenas doses de felicidade


Sentada em minha cadeira a observo. Suas mãos ágeis, seus gritos, suas falas incompreensíveis. Suas pernas um tanto bambas, um tanto fortes. Sua risada, ah, sua risada... Daquele tipo que dá vontade de gravar e ficar ouvindo initerruptamente.

Tateia daqui, tateia dali. “Experimenta” algumas coisas – a boca é o sensor dos bebês! -, joga outras, puxa mais algumas. E o seu rostinho? Olhos atentos, cara de quem desbrava o mundo. O que será que se passa na cabeça dela? O que será que pensa enquanto olha a bola vermelha, o pianinho, a boneca cabeçuda?

Estamos em nossa pequena sala, seu mundo particular, onde ela deita, rola, engatinha, cai, levanta, ri – e muito – e chora também. Onde eu leio pra ela, brinco com ela, canto pra ela, danço com ela. Ah, dançar com ela...

A música está presente nesse momento. Meu pensamento está solto, leve, sequer consigo prestar atenção na melodia. Meus olhos são dela. Minha mente é dela.


Uma nova música começa. Uma música antiga, gostosa de dançar juntinho, de rosto colado. Como que por impulso, me levanto e começo a cantar e dançar. Ela me olha, assustada, e abre um sorriso largo, daqueles que iluminam quilômetros, que quebram as pernas, que faltam o ar.



Me falta o ar. Ela olha pra mim e bate palminhas, enquanto danço e canto. Me abaixo e a tomo em meus braços: “agora és minha parceira!” Como se soubesse exatamente o que fazer, ela coloca a mão em meu ombro e joga o corpinho pra trás. E rodopiamos, como se estivéssemos num salão de baile.


A música invade nossos corpos, por um instante sinto que voltamos a ser uma só. Nove meses em meu ventre, nove meses fora dele... Como chegamos até aqui?


O som da melodia vai diminuindo, diminuindo, a música termina. Estamos exaustas e felizes. Ela solta um suspiro, e eu aproveito a sensação indescritível daquele momento tão pequeno, mas tão puro. Tão mágico. Tão nosso.


Ela aproxima a cabeça de meu ombro e deita. Sinto seu cheiro único e inconfundível. Beijo sua cabeça; meus olhos se enchem de lágrimas e meu coração, de alegria. Posso dizer que a felicidade é palpável e está ali, repousando em mim.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Mães humanizadas

“Humanização” é o termo da vez no mundo da maternidade. Parto humanizado, obstetra humanizado, equipe humanizada, sistema humanizado, banho humanizado, atenção humanizada ao aleitamento materno. Não é pra menos, nesse mundo de gente civilizada, somos cada vez mais bichos e menos humanos.

Falta humanidade no humano. Falta respeito no obstetra que insiste, desestimula , amedronta, inventa e confronta as vontades e desejos da mulher parturiente. Falta saber fazer (ou lembrar como fazer) o que a natureza se encarrega desde sempre, desde quando nem éramos tão humanos assim. Falta respeito pela mãe que sabe parir e pelo filho que sabe nascer. Somos os líderes mundiais no que diz respeito às cesarianas, mais de 50% dos partos brasileiros acabam na sala de cirurgia. Sobra doente? Não, falta. Falta ética e razão na operação desnecessária, na economia de tempo e no enriquecimento da conta bancária. Falta gentileza na enfermeira que grita com parturiente, falta boa vontade na equipe que ignora e oprime a dor, a intensidade e a emoção do parto. Falta gente que ache o normal, normal. Falta médico com evidência concreta, falta coragem, falta saber. Falta leite materno na receita do pediatra, sobra fórmula pra “complementar” a alimentação do mamífero que, vejam só, nasceu para mamar. Falta humanidade no humano. Pra mim, falta também humanidade na mãe. Não apenas a humanidade do humanizar, do parto natural, do sling, da amamentação em livre demanda, da cama compartilhada (que eu também acho que falta de monte!), mas a humanidade da compreensão, do perdão e do respeito ao próximo.  Falta na mãe que opta pela cesárea, naquela que dá fórmula pro seu bebê ou que oferece chupeta pra ele, e falta também na mãe que pariu de forma natural, em casa, que amamentou exclusivamente seu bebê até os seis meses e que fez o desmame natural na hora dele, ou naquela que proíbe chupetas, desenhos, Galinhas, porquinhas, docinhos e afins. Falta humanidade na mãe que julga, que aponta, que recrimina, que vocifera e abomina sua igual pelas escolhas diferentes das suas. Falta respeito na mãe que culpa, que violenta com palavras quem fez isso ou aquilo, quem divergiu das suas crenças, quem não cumpriu suas “regras”. Falta coração na mãe que, ao invés de acalentar, explicar e elucidar, critica, vomita injúrias, despeja ódio. Falta noção na mulher que compara, desmerece, quantifica e qualifica o esforço da outra. Falta exemplo na mulher que se refere à outra com qualquer termo que não seja “mãe”.  Falta fraternidade na mãe que se recolhe no seu mundo e nega o ombro para a outra. Falta verdade na mãe que pinta a maternidade cor de rosa como o comercial de margarina, que distorce a realidade, que submete a outra à culpa e ao sofrimento da comparação desnecessária. Sobra dedo pra apontar, violência pra julgar, gritaria, menosprezo. Falta amor de mãe pela outra mãe.  Acreditar num ideal de criação vai muito além de julgar quem não compactua com ele. Acreditar é ensinar, é crer que com paciência e respeito (muito respeito) a gente muda o mundo. Aos poucos, com calma, de verdade.